27 de outubro de 2011

Acaso.

Carolina havia conseguido me convencer de ir para a festa. Não que eu não gostasse de festas, mas era que ultimamente tudo me cansava, sabe? Enfim, fui para a festa. Não me arrumei, o que fez Carolina falar durante meia hora sobre como eu estava largada e blábláblá. Fui com um vestido estampadinho, mas discreto, colado no corpo. Meus cabelos deixei soltos, gostava deles livres. O lugar era iluminado por aquelas luzes de boate, coloridas, e tinha muita fumaça. Pessoas fumavam. Pessoas bebiam. Pessoas se agarravam no escuro. E eu só pensava o quão ultrapassado era aquilo. Mas eu bebi. Um gole de vodka aqui, outro ali. E vi. O cara tava parado, encostado perto do bar, com um copo na mão. Ele não dançava, só meio que acompanhava a música balançando a cabeça. "Não vou lá, não posso ir lá, não vou lá..." Deixei Carolina bebendo no bar (aliás, nunca entendi porque ela gostava desse tipo de festa, ela simplesmente não se aproximava das pessoas), e fui andando para perto do cara. Ele era alto, não era forte (outra coisa que eu nunca entendi: porquê garotas curtem caras fortes), o cabelo meio desgrenhado, castanho escuro... Ele me viu. Sorriu um sorriso tão bonito que minhas pernas tremeram. (...) Acordei. Acordei sorrindo, claro. A cama era grande, a colcha tava jogada no chão, juntamente com as roupas. Os lençóis eram brancos, tinham um cheiro bom, cheiro de roupa lavada, de vento. O quarto não era exatamente grande, mas era aconchegante. Haviam livros em estantes pelos cantos. Não me levantei. Não queria sair dali. Por que amanhecera? Que horas já seriam? Mas por que diabos eu estava me preocupando com essas coisas banais? Olhei para o lado e respirei fundo: como alguém tão... sem explicação havia aparecido assim para mim? Não que eu não tivesse tido sorte com meus antigos namorados ou ficantes ou qualquer que seja a denominação. Passando a mão pelo rosto dele eu ficava mais e mais abobalhada: a pele macia, os cabelos lisos e assanhados, a barba por fazer que arranhava minha pele enquanto ele me beijava, a boca fina... Ele era interessante. Os gostos para os livros, as músicas, as roupas. A voz. Abracei o seu corpo e adormeci, não sei por quanto tempo, nem quis saber. Só não queria que acabasse.