1 de maio de 2014

"Wendy."


Era fácil, antes. "Mãe, a Ana Luísa me bateu." Tempos de colégio. Mainha corria e tava lá, pra me esconder entre os braços dela. Ou então quando eu rasguei os cartazes da sala num ataque de raiva e ela ficou lá me esperando refazer todos. Era tiro certeiro: o caminho de casa sempre era o melhor. Não importava. Hoje ainda é, mas ela parou de tomar as decisões por mim e disse que era minha vez. Quando foi que eu aceitei isso? Nem lembro. Acho que nunca. Acho que é regra, né? Nasce, cresce, toma responsabilidades e morre. Cuida! Agora a gente quer fugir e não pode. Esse negócio de criança que quer ser adulto... É loucura, minha gente. Tu vai se arrepender, menino. Peter Pan que era sábio - isso de crescer é triste. A gente esquece. Tanta tecnologia e ainda não inventaram um jeito de a gente escolher o que quer ser. O que quer ter. Um barco e um mar. Uma ilha. Um tigre. Livros. Mãe e pai. Um mundo que valesse o mundo.