29 de dezembro de 2012

De sábado à noite.

Eu não sei o que escrever aqui, e me dá agonia olhar para a tela do computador e o teclado, tela do computador, teclado... Tá passando aquela versão da MTV de O Morro dos Ventos Uivantes, e eu tô jogada no sofá passando os canais da tv, mas sabendo que vou voltar para o filme. Tô só, de pijama e rouca, com as pernas para cima e esperando qualquer mensagem no celular. Eu queria dizer que os dias são diferentes, que ontem eu acordei gostando de você, mas hoje eu nem lembrei da tua voz. É que eu me programei para lembrar dos prós e contras desse amor cansado e desgastado, e eu não sinto saudade. Eu sinto falta, mas saudade não. Saudade é forte e é bom, eu gosto. Mas sentir falta é só olhar para a parede e lembrar daquele quadro velho que a mãe guardou em algum canto da despensa. Talvez um dia ela se lembre dele e o coloque de volta no lugar, e é isso que acontece comigo e com você: talvez um dia a gente se lembre um do outro e se goste de novo e se abrace no sofá.

23 de dezembro de 2012

Crise dos 20 adiantada.

Eu não tenho um motivo específico para não gostar do Natal. Eu só fico triste, sempre. Sem que eu perceba, as lágrimas caem feito chuva forte. Na verdade, acho que não gosto de fim de ano. Não se pode desejar um verdadeiro feliz ano novo quando você sabe que as pessoas só irão envelhecer e passar mais um ano de suas vidas estressadas e rancorosas. Acontece que essa semana minha mãe e meu irmão comentaram que eu tô chegando perto dos 20 anos. São apenas poucos meses de distância e eu fico me perguntando o que fiz da vida até hoje. 

1. Saí de casa para morar com duas "amigas" e estudar Jornalismo.
2. Tive que me mudar e morar só porque a convivência com essas duas "amigas" não estava dando certo.
3. Voltei para a casa dos meus pais porque não aguentei morar só.

Me pergunto se o problema sou eu. Talvez eu não consiga conviver comigo mesma, e ficar trancada no meu quarto parece ser a melhor solução. Eu faço planos e mais planos e vejo que  talvez o meu futuro seja viver debaixo das asas da minha mãe porque, no fundo, eu não tenho coragem para nada. Eu sou cheia de medo do amanhã e queria me esconder debaixo da cama enquanto as pessoas falam como eu sou uma menina maravilhosa e dedicada, que vou fazer muito sucesso no futuro e que o mundo vai ser meu. Não vai não, minha senhora. Eu sou meia torta e assustada, gosto de escrever e de chorar com filmes e livros. Saio de pijamas para comprar comida na lanchonete da esquina, com um par de eternas olheiras e havaianas encardidas. O que eu tenho vontade? De ser alguém nesse mundo cheio de ninguém. Eu me sinto perdida e é por isso que eu choro na frente do computador enquanto escrevo esse texto sem sentido. O que me dói é que a cada passo dado eu não me sinto completa. Quando eu acho que isso ou aquilo vai dar certo, e dá, e mesmo assim eu continuo com um sorriso triste na cara porque ainda tá faltando algo. Meu irmão tem carteira de motorista e uma namorada. Eu tenho um bocado de livros na estante, uma parabólica que não funciona e cartas que nunca entreguei. As pessoas ao meu redor parecem felizes e inteiras e eu sou só um pedaço de mim.

7 de dezembro de 2012

Sobre o que deu errado.

Poderia fazer uma lista. Poderia passar dias fazendo isso e ainda faltaria tempo. Porque é assim: tudo acaba saindo dos eixos quando eu acho que tô vendo estrelas. Eu não lembro qual foi o dia, mas lembro que era fim de tarde. Te esperava com gosto e braços abertos, cheia de ansiedade e saudade no peito. O mundo era comum, mas a gente era diferente, sei lá, era como se o céu fosse nosso e a gente pudesse escolher quais as cores que iríamos pintá-lo. Sempre era vai e volta, mas o coração nunca batia mais devagar. Dava vontade de me declarar todo dia, porque ficava estampado no meu sorriso como eu gostava de você. Mas a música parou de tocar, chovia todo dia e você não queria mais me ver. Foi assim: primeiro as desculpas, depois as lágrimas. Era amor, sabe? Ou é. Eu sempre fui boa em português, mas nunca consegui conjugar ia verbos no tempo certo. É como a minha vida, não sei o que foi e o que é e o que vai ser. Mas as pessoas ainda falam da gente, de como poderia ser. Vai que para de chover algum dia e o céu volta a ter a nossa cor.


"(...) Paper clips and crayons in my bed
Everybody thinks that I am sad
I'll take a ride in melodies and bees and birds
Will hear my words
Will be both us and you and them together (...)"

(Janta - Marcelo Camelo e Mallu Magalhães)

3 de dezembro de 2012

"We found love in a hopeless place." (mais uma despedida)


É sempre uma despedida atrás da outra, não importa para onde eu vá ou para onde eu volte, ainda não inventaram um jeito de dar um "tchau" ou "até logo" sem doer no peito. A gente, nos tempos de colégio, sonha em sair de casa, morar só, essas coisas de quem sonha alto e esquece que o mundo é todo cheio de decepções. Lembro que na última noite dos meus pais aqui, antes de eles voltarem para casa, minha mãe deitou perto de mim e começou a chorar. "O que eu vou fazer sem tu por perto?" Eu acho que foi nesse momento que eu senti todo o amor, a vontade de ficar perto, de abraçar, só ia aumentar. E depois, ela me contou, meu pai chorou boa parte da viagem e, em casa mesmo, ele chorava vez em quando. Dizem que amor de mãe não se mede, mas acho que posso provar aqui que amor de filha também não. Bom, voltando para o foco do meu texto, eu odeio despedidas. E eu sei que sempre vou ter que me despedir, de um lado ou de outro, isso acontece quando você conhece pessoas em vários lugares e acaba pegando um pedacinho de cada uma para si. Acho que se ainda fosse no tempo do orkut, eu escreveria um depoimento para cada um assim:

"Iara Maria, eu já te escrevi uma carta, então acho que as palavras vão acabar se repetindo. Eu lembro que quando eu conheci tu e a Bia foi numa aula de Filosofia, vocês chegaram atrasadas e perguntaram o que era para fazer, e eu mostrei o caderno de exercícios pra vocês. Lembro que tu me seguiu no twitter e elogiou meu blog, e pronto, foi assim. Acho que o que eu mais vou sentir falta é dessa tua imensa fofura e, de todas do grupo de amigos, tu é a que eu mais consigo me identificar, talvez pelos gostos por textos melosos e românticos, ou por filmes dramáticos e que nos façam derramar meio mundo de lágrimas. Quero que tu seja muito, mas muito feliz, e eu sei que não vou perder contato contigo, sinto que tu não vai deixar isso acontecer. Agradeço por sempre tentar me fazer sair de casa, mesmo eu enrolando muito; por ter fé em mim, e ser uma pessoa maravilhosa comigo. Te amo!"

"Bia, de todas, tu é a mais chata e antipática, e acho que eu me dei bem contigo. Sempre vou lembrar da tua eterna vontade de me arrumar um namorado e de me fazer ser alguém sociável, das tuas brincadeiras com minha chatice e apertando minha barriga. Tu é uma boa amiga, mesmo sendo louca. E espero que vocês não consigam outra pessoa para fazer o resumo das provas, porque não vou aceitar ser substituída. Ah, e é óbvio, eu já ia até esquecendo: acho que vou decretar meu apelido oficial para Lidu, porque me apeguei tanto à ele quando à pessoa que o inventou. Te amo. Não esquece de mim, tá?"

"Níncolas, querido Níncolas. Eu acho que é mais fácil contar quantas vezes a gente se xingou do que abraçou, né? Culpa minha, eu sei. Nunca fui uma pessoa carinhosa com amigos, mas isso não quer dizer que meu amor por eles não seja diretamente proporcional à quantidade de palavrões que eu falo. Eu queria escrever aqui uma lista de agradecimentos pelas coisas que tu fez por mim, mas não creio que seja necessário. Aqui, tu foi o meu melhor amigo. Ainda lembro do dia que tu falou que meu nome era igual ao da tua namorada, na aula de Introd. à Comput. Gráf., e eu só ri. E foi assim que nasceu nossa amizade. Eu te amo um bocado, até mesmo quando tenho vontade de arrancar teu cabelo quando tu me chama de desocupada por dormir no lugar de viver. Espero que tu consiga se realizar na vida, com família, emprego e todas essas coisas boas. E vê se de vez em quando manda uma mensagem, só pra eu lembrar que tu não esqueceu de mim! (Prometo que, mesmo longe, não vou te deixar em paz. Se tu quiser, até gravo um vídeo cantando pra tu ouvir quando der saudade.)"

"Ahynssa: sempre que falo ou leio esse nome perto de alguém, essa pessoa me pergunta como que alguém se chama assim? Ai eu vou explicar que tem todo um ritual no teu nome, com significado hindu e etc (mais ou menos isso, né?). Sei que te chamo de louca na maior parte do tempo, mas é só pelo fato de eu ser louca também, de me identificar com todas as tuas manias de escrever o futuro num pedaço de papel. Eu não tenho dúvidas de como teu futuro vai ser brilhante, e toda essa paranoia que tu tem vai servir para alguma coisa! Não sei se o mundo vai estar preparado para te conhecer, mas eu sei que ele vai ficar bastante orgulhoso de ter alguém assim. Acredito em ti, e vou sentir muita falta de todas as tuas loucuras, o teu costume de fazer mil perguntas e falar sem parar. Te amo!"

"Lila, eu sei que a vida é meio torta pra gente, colocando o pé no meio só pra gente tropeçar. Mas alguma coisa me diz que, no futuro, não vão haver pedras no nosso caminho e, mesmo com terminal de ônibus lotado, a vida vai ser tão bonita quanto já é. Eu sei que tu nunca vai desistir de mudar as coisas feias do mundo, e que continue assim. Tu é magra e linda, e o teu jeito de sorrir alegra qualquer um. Mostra isso pr'as pessoas, pra elas aprenderem contigo. Espero que em cada reclamação da vida tu lembre de mim (até parece que tu vai esquecer se continuar me seguindo no twitter, né?!). Que tu seja bem felizona, exalando sentimentos bons e bonitos, mesmo com o veneno que habita em nossos corações. Te amo!"

"Thaís, eu sei que a gente brigou muitas vezes, estresses de trabalho e coisa do tipo, é normal. Mas eu consegui me dar tão bem contigo pelo fato de a gente gostar das mesmas coisas, tipo, sermos eternas adolescentes, e espero que isso não acabe. Eu sei que você, com toda a sua criatividade, vai conseguir se dar tão bem no futuro como todo mundo do grupo, porque eu acredito em todos vocês! E eu também sei que nada vai te fazer desistir, porque tu é persistente e otimista, cheia de vontade. Te amo e queria dizer obrigada por me aguentar tanto tempo, por me fazer companhia nos intervalos tediosos, e por me fazer ter com quem compartilhar meus amores platônicos. 

"Otelinho, o que eu vou sentir mais falta de ti vai ser teu jeito de querer fazer todas as coisas ao mesmo tempo: trabalhos, estágios, academia, cursos, etc. Vou sentir falta dos teus treinamentos para as apresentações, acho que até consigo te imitar gesticulando! Tu e a Ahynssa são iguaizinhos, e consigo imaginar o futuro divertido de cada um. A gente vê escrito na tua testa que tu gosta do que faz, que tem vontade de fazer bem feito e, pode acreditar, tu vai ser dar muito bem. Espero te ver no lugar do Bonner algum dia, pra poder dizer: 'esse ai estudou comigo, eu lembro dele!' Continua desse jeitinho aqui que tu vai chegar lá! Ah, e obrigada pelos presentes! Fico feliz de ter uma coisa física que vai me fazer lembrar de todo mundo! Te amo!"

"Marina, espero que tu tenha paciência para ler o texto até aqui (o que eu acho difícil, mas torço para que aconteça, haha!). Sei que tu é bruta, e até preguiçosinha, mas eu acho que quando tu quer mostrar o que sabe fazer, tu consegue. Eu achei que nunca ia encontrar alguém no mundo que não soubesse andar de ônibus, mas ai está você para provar. Vou sentir saudade das tuas respostas delicadíssimas, dos teus estresses momentâneos e do teu bullying com todo mundo do danceteria. Espero que tu seja feliz, bem feliz, e que consiga se realizar no jornalismo. Te amo e tô torcendo por ti!"

Quero deixar uma coisa bem clara aqui: eu não vou abandonar vocês, nunca, nunquinha. E eu só moro a seiscentos quilômetros daqui, não é possível que a gente não consiga manter um contato frequente. E outra, não é fácil se livrar de mim, eu sou chata tanto no quesito de enjoada, quanto no quesito de não deixar as pessoas me esquecerem. Queria ter conseguido falar isso olhando para cada um de vocês, mas eu nunca fui boa em expressar o que eu sinto através da fala, iria acabar chorando antes da segunda frase, então escolhi escrever aqui para poder guardar para mim também. Nunca imaginei que uma música da Rihanna pudesse descrever esse sentimento que existe entre a gente, mas sim, eu encontrei amor em um lugar sem esperança, onde eu achava que ia dar tudo errado desde o primeiro dia. Eu acho que a saudade foi maior que minha vontade de continuar aqui, mas eu sei que ela vai continuar comigo, porque acaba de um lado e fica de outro. Que o mundo continue bonito aos nossos olhos, mesmo com tanta gente desestimuladora ao nosso redor. Que sejamos todos felizes, com sorrisos para dar e vender, tendo fé numa profissão tão ignorada pelos outros. Eu amo vocês, do tamanho da Danceteria Parafuso! 


"Lembra o que valeu a pena
Foi nossa cena não ter pressa pra passar..."
 (F. Anitelli  - Samba de Ir Embora Só)