12 de julho de 2012

Primaveras.

Eu sei que é meio errado reclamar da vida o tempo todo, mas faz parte. 19 primaveras, 19 anos, 19 vidas até. Com o tempo, eu adquiri uma mania feia de ser nostálgica, de amar o passado e deixar o futuro para depois. É porque é tudo saudade. Algumas pessoas passaram, outras ficaram, novas chegaram. Aprendi a amar cada pessoa do jeito certo, a ter paciência. Amigos. É uma palavra tão bonita, não é? Eu tô aqui sentada, esperando as panquecas ficarem prontas, e deixando a vida passar na minha cabeça como num filme. Se eu sou clichê? Mas ora... Para mim, lembrar do ontem, lembrar do que passou é algo fixo, que tem que ser feito todo dia, pra não se deixar apagar. Algumas coisas somem, aquilo que é trivial. O resto fica, para marcar presença. Ontem minha mãe veio com aquela pergunta boba de amiga-adolescente: "e tu não tá gostando de ninguém?" Acho legal isso da minha mãe, sabe? Tentar se aproximar de mim, saber da minha vida. E ela sabe, mesmo que eu não diga, o que é raro de acontecer, porque até um espirro que eu dou tenho que contar a ela. Então, voltando a pergunta dela: eu não gosto de ninguém? Na verdade, eu gosto tanto, tanto, mas tanto, só que de todo mundo. Eu não tô fugindo do objetivo da pergunta, eu tô sendo sincera. Talvez eu seja até um pouco não-sociável, mas eu até gosto de algumas pessoas. A gente se afasta das pessoas importantes achando que alguma coisa vai mudar. Muda, mas nem é com todo mundo que isso acontece. Tem gente que eu passo meses sem ver, e quando encontro, parece que nada mudou. A confiança está intacta, a amizade, o afeto, tu-di-nho. E meu coração sorri, pula, bate por causa dessa alegria que chega do nada, sem motivo nenhum, só pra me lembrar que os anos passam, que a gente envelhece, mas que as coisas  boas sempre vão estar presentes e, se escondidas, logo aparecem para apertar a gente num abraço imaginário. Amigos. É um sentimento bonito, não é?

8 de julho de 2012

Gostar.

Em grande parte do meu tempo (ou em alguma conversa com alguém interessante) eu sinto inveja daquelas pessoas que conseguem se expressar melhor que eu. Não, não é daquelas invejas maldosas que a gente vê por ai, é coisa pouca, coisa boba. Com um papel (ou um computador ou um celular) na mão, eu consigo dizer coisas que jamais imaginei que diria. Eu consigo me abrir. Descubro saber palavras que pensei que nunca frequentaram meu cérebro. Descubro sentimentos, medos, e até coragem. Coragem de falar aqueles sentimentos tortos que existem em mim, de te dizer as coisas mais ridículas e, quem sabe, engraçadas, porém verdadeiras. Talvez na hora de falar eu fique travada, e nervosa, e gelada. Talvez eu consiga sentar no teu colo e sussurrar ao pé do teu ouvido: "eu te gosto um bocado." E ai eu ficaria em silêncio e vermelha, por ter dito tal coisa, por ter aberto a boca pra falar algo que eu sempre escrevi no papel. Mas que coragem a minha! E você rindo de mim, como se soubesse o que eu estava pensando, como se eu estivesse falando em voz alta. Será que eu estava? Mas de que importava mesmo, não é? Quando a gente gosta não importa o tamanho do frio na barriga, a gente tem uma coragem danada, que aparece como mágica, fazendo tudo parecer fácil, tranquilo, bonito. Parece um sonho bom. E é.

6 de julho de 2012

Buraco.

Tô meio assim, perdidinha, passando aba por aba do navegador da internet, procurando alguma coisa fixa pra me entreter e me fazer esquecer de certas coisas difíceis de lidar. Vejo as fotos de uns amigos, leio Gabito Nunes, e abro meu blog pra ver se consigo me livrar desse peso nas minhas costas. Hoje eu fiz alguns testes vocacionais, e um dos resultados dizia que consigo me expressar melhor escrevendo do que falando, que não sei lidar muito com a comunicação oral. Verdade. Acho mais difícil conversar olhando nos olhos das pessoas, acho um desafio e tanto, que não é pra mim. Há alguns dias venho pensando no que fazer do meu futuro e lembrei de um livro que li, Julieta, em que a personagem fala que nunca conseguiu imaginar um futuro certo, que quando ela tentava, só via um buraco negro. Acho que agora me identifico com isso. Na realidade, não vejo um buraco negro, vejo apenas algo faltando. Eu sou só mais um clichê, daquele tipo de adolescente que passa boa parte da vida dizendo: "quero ser escritora quando crescer!" E acha que é só assim. Crescer e escrever. Seria tão mais fácil... Sempre quis Jornalismo, nunca me imaginei fazendo outra coisa porque para mim não existia outra coisa. Era Jornalismo e pronto. Imaginei que essa seria a porta de entrada para o meu futuro, e talvez seja, só ainda não descobri como abri-la direito. E sempre venho me perguntando se eu gosto mesmo do curso e hoje, numa conversa com a minha mãe, ela veio me perguntar se tava valendo a pena: eu não sei. Olho para o teto, depois para os meus pés e não consigo definir esse sentimento. Como na maioria dos momentos da minha vida, eu sempre escolho o meio termo. Hoje, agora, não sei o que fazer, nem para que colo correr. Só queria que a vida se resolvesse enquanto eu leio um livro. Ou escrevo um desses desabafos desesperados. Sei lá, alguma frase que sirva de sinal. Qualquer coisa que me diga como lidar com o mundo ali fora.