29 de janeiro de 2015

As (des)vantagens de ser invisível.

Pensei no que eu poderia oferecer. Café? Mas eu odeio café. E não sei fazer nada. Sou péssima em qualquer coisa que envolva esforço. Na verdade, eu me perguntava, na maioria das vezes, qual o meu papel no mundo. Se Deus ou sei lá o que me colocou aqui com um objetivo. Devem ter desistido quando viram que não daria certo. Vinte e um anos se passaram. Eu sei que meu pai ainda se pergunta se valeu a pena pagar dois anos de faculdade particular por um curso que, sinceramente, me faz duvidar de tudo hoje. Eu me pergunto em que parte do caminho eu cheguei a me quebrar e esqueci de como era juntar os pedaços porque, hoje, eu não tô inteira. Nem metade. Deve ter sobrado um terço do que eu costumava ser. E minha mãe brinca sonhando com um futuro conformado pra mim. Que futuro? O dia de amanhã nem chegou e eu já ultrapassei os limites do cansaço. Hoje eu fui ler algo e dormi. E observo as pessoas seguindo em frente enquanto fico pra trás porque não sei seguir em frente. Tem tanta coisa que eu não sei e eu só queria alguém pra me ensinar. Mas tem tanta gente perdida igual a mim. Seria fácil se fosse matemática: positivo e positivo dá positivo; negativo e negativo também positivo. Eu seria um negativo. Queria tropeçar menos nos degraus do ônibus e conseguir dar bom dia ao senhor que fica na calçada do prédio que eu trabalho sem ficar desconfiada. Porque eu desconfio de todo mundo e acho que tanta felicidade estampada é puro disfarce. Ou não. Talvez eles sejam felizes e eu só procure desculpas pra achar que todo mundo tem uma vida tão deprimente quanto a minha. De se sentir só. De achar que todo mundo me deixou de lado porque eu não tenho nenhuma história interessante pra contar. Porque eu quero ser a melhor e, quando chego lá, não sobrou uma alma penada pra comemorar comigo. Parabéns. Todo mundo se esquece de todo mundo um dia.