5 de agosto de 2013

"Why do you let me stay here, all by myself?"

Desculpa pela bagunça no meu quarto, no meu cabelo e dentro de mim. Te daria um beijo em cada canto do seu rosto se pudesse, de orelha a orelha, nesse seu sorriso que mostra os dentes pra quem quiser ver, e que ilumina até esses olhinhos que sorriem junto. Andei escutando umas músicas tristes e eu até poderia dizer que é saudade, mas eu não posso sentir saudade dessa gente que mal entrou na minha vida. Eu nem sei direito que mundo é esse, meu Deus. Essa gente que você conhece nessas noites em que uma cerveja abre as portas para a felicidade. Uma felicidade falsa, eu sei, mas é que a gente fica tão feliz naquele momento, sabe? Abraça e beija todo mundo sem precisar de algum motivo pra isso. A vida meio que parou por aqui e eu voltei pra minha fase de não saber o que fazer com ela. É que fico só na maior parte do tempo e fico me gastando ao pensar em como teria sido se eu não tivesse isso e tivesse feito aquilo. As pessoas vivem disso, né? De pensar nas coisas que deveriam ter feito como se aquilo fosse mudar tudo ao redor delas. E mudaria, eu sei. Mudaria um bocado. Eu acho que é a idade. Quanto mais o tempo passa, mais só penso em dormir e ler algum livro que abandonei há tempos. A gente abandona os livros como abandona as pessoas, mas os livros a gente pode recuperar e eu ainda não aprendi a recuperar pessoas. Mas vai, me ensina a sorrir com os olhos assim, que nem você. É tão bonito. Eu poderia ter te chamado pra tomar um café. Um cappuccino, talvez, porque eu não gosto de café. Conversar sobre o que vai ser do meu futuro criando gatos e tentando escrever histórias sobre minha vida, essa vida parada e sem nada pra emocionar qualquer ser humano. Mas mesmo assim, a gente estaria conversando e você rindo de mim porque eu pareço um pouco doida ao pensar assim, ao me chamar de velha quando agora que cheguei nos vinte. Você é todo cheio de alguma coisa feliz e nunca parece triste e queria te pedir pra ficar e me ensinar a ser assim, mas chegou sua hora, você tem que ir porque tem algum compromisso marcado com sei lá quem. "Vê se volta", eu queria dizer, e ai lembro que qualquer coisa é mais importante que conversar com alguém de um pouco mais de um metro e sessenta de altura, que não entende de nada e, mas que só queria uma mãozinha pra seguir em frente. Uma mãozinha e uns olhos que sorriem pra ela.