17 de janeiro de 2017

"I'd stare a lifetime into your eyes."

Gostar dele era como viver no meio de um vulcão. Como acordar de um pesadelo todo dia. Aquele susto que a gente tem quando abre os olhos de madrugada e pensa que já é hora de levantar, mas o relógio ainda marca 01:28. É ficar enjoada com a ideia de que não existe mais. O barulho da chuva em pleno silêncio. É dormir tarde demais e ter que trabalhar cedo. Uma montanha russa de um monte de coisa. Mas era gostar. Não querer soltar mais. Não deixar ir. Pedir para ficar enquanto a vontade é de implorar para estar só. É não aguentar mais e ainda assim pedir para Deus para continuar. É a vida toda seguindo em frente sem nunca esquecer.

"So that I knew that you were there for me
Time after time, you were there for me (...)"

13 de janeiro de 2017

"If we go down then we go down together."

Pode ser às sete e meia da manhã atravessando a rua para ir para o trabalho. No meio do engarrafamento. Na fila do supermercado. Botando o lixo na calçada. Dentro do ônibus. No meio do bar. Comprando uma cerveja. Chorando pelo ex. Na casa de uma amiga. Em um aplicativo. Perdida em uma cidade do outro do lado mundo. De vez em quando, me pego acreditando que o que tiver de ser, vai ser. Que Deus ou o Universo ou as estrelas vão permitir e guiar. De vez em quando, peço que seja. Durmo e acordo. Vivo. Ando. Sigo. Sonho. Pedindo que seja. Que se não for para ser, que continue sendo.

11 de janeiro de 2017

"Não é sobre."

Eu não preciso disso. É o que fico me dizendo quando sempre acordo com aquela sensação de soco no estômago e vontade de não tirar os pés da cama. Eu nem choro mais e daí eu lembro que eu consigo qualquer coisa. Porque se eu superei toda a vontade de chorar é porque eu cresci, certo? Se eu consegui levantar às seis e meia da manhã sem pensar em como seria bom continuar dormindo por mais três dias porque viver é ruim, então eu consigo o resto. Eu consigo pagar a fatura do cartão de crédito sem me desesperar porque gastei demais aquele mês. Eu consigo olhar para as fotos no celular e lidar com o fato de que o que passou, já era, já foi e não volta mais. Eu consigo resolver todos os meus problemas de cabeça erguida e sem correr para a minha mãe. E eu não preciso dessa dor enfiada no peito querendo me levar para baixo. Não preciso de nenhuma palavra bonita ou de que alguém me diga que sou boa demais. Eu sou boa demais. Eu sou boa demais para qualquer pessoa que apareça em minha frente e tente dizer que não vai dar certo. Que eu sou louca. Que os planos vão por água abaixo porque nenhum plano é feito para funcionar. Que minha mania de organização vai acabar comigo. Que não adianta eu gostar demais porque o mundo não merece que a gente goste demais. Sentir é bom. Doer é normal. Chora hoje e segue em frente amanhã porque nada vai parar por causa da gente. Tudo continua. Eu continuo. 

9 de janeiro de 2017

"But I come back to the water no matter how hard I try."

Nove dias que o ano começou e eu já senti meu estômago esvaziar e meu peito estufar com tanta coisa. Odeio o fato do mundo girar rápido demais e eu não conseguir fazer parar o tempo. A gente já acabou e começou tantas vezes que é só questão de dias para tudo desencaixar de novo. E também se encaixar. Eu tenho essa mania de achar que tudo vai acabar. Talvez seja meu signo ou talvez meus pais me criaram com amor e apego demais. Às vezes parece que minha cabeça não para por dois segundos e eu tenho um ataque de pânico bem no meio da rua. Mas aí eu coloco na cabeça que vai passar, porque eu consigo dar conta de tudo. Só que eu não consigo. Eu adio todas as responsabilidades e guardo todas as vontades e estoco todos os planos e vou indo. Odeio ir. Odeio essa sensação de ir com a maré e seja o que tiver de ser. Eu tenho que saber. Eu tenho que saber o rumo e onde é a próxima parada. O que eu queria era tomar todos os remédios que me apagam e me deixam dormir sem sonhar. O que eu queria era o descontrole de tudo que tenho em minhas mãos. O que eu queria era saber o que porra vai ter no amanhã e se vai ter algum amanhã. 

4 de janeiro de 2017

"Nada leve além do que prescreve a sua boa educação."

Acordar sempre foi a pior parte. Dormir era fácil, principalmente com remédios. Eu apagava. Eu esquecia. E ai o dia amanhecia e eu tinha que viver. Eu tinha que engolir o choro, dar bom dia, sorrir e acenar. Eu vomitava. Eu tinha dor de barriga. Parecia que tinha voltado no tempo para viver tudo aquilo de novo, aquilo que minha adolescência fez questão de não apagar. Eu prometi não escrever mais aqui. Eu queria deletar da minha mente cada texto que escrevi para ver se conseguia deletar a existência dele. Mas eu precisava botar para fora, porque senão eu ia explodir. Eu nunca consigo sentir raiva, ou nojo, ou vontade de chutar cada osso do corpo dele. Eu fico dormente. Eu rio como se parecesse uma louca porque tudo é tão de mentira. É tudo tão igual toda vida. A mesma história, a mesma ladainha fingida e eu sempre acreditando. Eu forço meus pés a irem para frente. Eu forço meu corpo a se movimentar e acreditar que, de novo, as coisas vão dar certo. Por favor, não volta. Não volta nunca. Fica longe, o mais distante possível pra que eu consiga respirar de novo. Eu odeio como esse tempo vai ser, como tudo dentro de mim tá um buraco, oco. E essa sensação de falta de ar, de que a gravidade acabou, de que eu não me vejo existindo demais. Só não volta. Só fica lá sem mim. Dessa vez, eu consigo. Eu juro que consigo. E se eu não conseguir, continuo fingindo que eu sou boa demais pra merecer isso.