13 de abril de 2015

"Wild horses."

O que tivesse pra dar errado, daria. Isso tinha virado mais que um lema, era uma certeza. Certeza de que nada daria certo porque não se permitia que as coisas dessem certo. Tinha que estragar, pelo menos para ter um pouquinho de tortura até o fim daqueles dias. Sempre dizia que não ia mais beber, porque nem era viciada nem nada. Só bebia pra passar o tempo, pra conseguir conversar com as pessoas estranhas mais que duas palavrinhas. Mas se passasse da conta ia dar merda. De novo. Não podia sair se desculpando por ai como se tivesse culpa. Tinha, sabia. Mas lembrava de pouco ou quase nada e que assim ficasse. Lembrar era pior. O que aquela gente toda fazia ali? Será que as pessoas realmente se gostavam nesse mundo? Que esquisito. Desconhecia esse sentimento. Desconhecia o gosto de gostar das pessoas. Mas as abraçava e beijava e dizia oi tudo bom. E continuava a beber mesmo sabendo que, ao chegar em casa, o mundo ia girar e não ia conseguir se segurar sozinha. A mesma coisa de sempre. A pressão nos ouvidos fazia parecer que estava num avião a sei lá quantos metros de altura. Não escutava nada e queria gritar porque que agonia insuportável. Respirar fundo e oi tudo bom. Tinha que sorrir para os conhecidos e também desconhecidos porque queria saber o que era gostar das pessoas e queria saber se as pessoas gostariam dela mas é claro que não gostariam porque como as pessoas se gostam nesse mundo? Era péssima em tudo. Botaria para fora o que podia e não podia, e depois ficaria mal por três dias se remoendo de todas as coisas que não lembrava. Que a vida fosse fácil de esquecer assim. Mas nem era. 

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