6 de abril de 2011

Metades.

Metade de mim não me permite ser legal com as pessoas, ser romântica, e até simpática; não me permite voar, cantarolar no banho, ou abraçar o mundo com pés e mãos; não me permite ser livre, nem doce, nem bonita. Metade de mim não gosta de sair de casa, ou dar um sorriso torto de quem não quer nada. Metade de mim é cansada, é velha, tem alma aleijada. Metade de mim não me permite falar coisas românticas ou olhar para os pombos na praça, não me deixa fechar os olhos na hora de sorrir. Incrível é que, quando ela acha que está me possuindo, vem minha outra metade e acaba com a alegria dela. Minha outra metade é uma fofura só, tem olhos alegres, sorriso no rosto o tempo todo, gosta de pés descalços na areia da praia, de beber com os amigos, de rir histéricamente até a barriga doer. Minha outra metade sente saudade e não se conforma, sempre fazendo questão de lembrar dos amores da vida, das pessoas queridas; adora o vento que assanha os meus cabelos na hora de ir para a faculdade, e o barulho do ventilador; ama ficar me vendo de frente para o espelho, passando maquiagem, fazendo birra porque não encontro a roupa certa para tal lugar. Mas não são só as minhas metades que são assim, porque todo mundo, quando nasce, é partido ao meio.

Um comentário:

  1. Talvez daí venha a história de encontrar a metade da laranja. Ou seja, encontrar a pessoa cuja metades completem as suas próprias.

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