14 de maio de 2013

A nossa versão do fim do mundo.

A gente era um cansaço para os olhos do mundo. Todos aqueles clichês baratos e sorrisos forçados, olhos baixos e eu querendo chorar. Não adiantava correr para o teu abraço ou me esconder debaixo dos lençóis. Sem querer, a gente acabava fugindo um do outro, fingindo que ainda existia algo, mas era só um vazio dentro do peito. As pessoas continuavam vivendo suas vidas, olhando para os celulares e nós dois passávamos despercebidos aos olhos delas. Não tinha vento e o calor fazia nossa pele queimar, aquelas gotas de suor se perdendo entre tanto espaço. Eu te disse para ficar, "deixa eles viverem sem a gente", porque era isso que acontecia, o mundo não parava mais por nossa causa. E você não queria, exigia que todos te notassem, bonito, feliz, uma felicidade tão falsa quanto o vermelho do meu cabelo. Eu continuava querendo me esconder porque você era um pedaço do mundo, mas e eu? Eu era um pedaço de você, uma coisa pequena e esquecível, se é que essa palavra existe. Não tinha chuva, nem nuvens no céu. Era um azul que cegava tudo aquilo ao nosso redor. Te deixei ir, fiz até suas malas. Empacotei tudo e você me encarava quieto, porque não havia mais nada para dizer. Ninguém sentiria falta, nem mesmo a gente. Ou talvez sentisse. Te dei um beijo no rosto e falei um "foi bom" bem baixinho, que você provavelmente não escutou. E foi embora. Sem olhar para trás para saber se esqueceu algo, e eu queria gritar e dizer que você esqueceu, que você me esqueceu. Mas de nada adiantava: você tava cansado da gente. 

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