8 de setembro de 2013

"But mother, I don't want to grow up!"

Eu já estava na fila do banco há exatos quarenta minutos. Quarenta minutos! E eu tinha acabado de sair do estágio, com fome, cansada e com calor. O centro dessa cidade enlouquece qualquer um e era começo de mês, todo mundo correndo pro banco pra pegar seu dinheiro suado. Mas eu só queria abrir uma conta. E era minha segunda tentativa! Chegou minha vez e, quando eu abri a boca pra falar o que eu queria, apareceu um velhinho e eu dei minha frente a ele, claro. Coluna curvada, mesma altura que eu, cabelos branquinhos, camisa xadrez folgada e pele enrugada. Ele estava com dificuldades de lembrar a senha da sua conta e o moço pedia pra ele tentar de novo, mas cheio de respeito e paciência. Toda vez que alguém assim se aproxima de mim eu seguro o choro. Gente velha já passou por tanta coisa na vida, sofreu, amou, lutou e ai que, no final, termina com as mãos tremendo e uma memória pra lá de fraca. É triste, sabe? Tudo vai se apagando e a gente nem pra perceber. A esposa do velhinho apareceu, juntamente com a filha dele, que já era uma mulher adulta, talvez com marido e filhos. "Conseguiu, papai?" Ele tinha conseguido. Cheio de dificuldade, mas venceu mais uma dessas dificuldades que a vida coloca no caminho só pra testar se você é capaz de continuar indo. Indo em frente. Vivendo. Ele ainda demorou pra sair do caixa porque mal conseguia andar. E eu ali, segurando o choro, com a garganta embargada, enquanto o moço do caixa gritava: "próximo!" Esqueci um documento. De novo eu dei viagem perdida. 

Um comentário: