6 de agosto de 2017

"Stop the clocks and turn the world around."

O mundo tinha virado mundo e eu não tinha virado ninguém. Às vezes o sol bate forte no olho e me cega, mas nada parece diferente porque é como se eu nunca enxergasse adiante. Não é como se eu não tivesse um futuro, mas é mais para o fato de que eu não me via inserida nele. Não me via acertando, não me via indo. Não me via sendo. Odiava quando as pessoas me perguntavam o que eu queria ser porque eu achava que já era algo e, só aí, só aí eu percebia que na verdade eu não tinha conquistado nada e que as pessoas me imaginavam assim: nada. O que eu seria? Talvez não um peixe fora d'água. Talvez não um robô sem vida. Eu seria eu e ainda assim não seria suficiente. Ser eu não era suficiente para o que elas queriam que eu fosse. Porque todos os dias eu ouvia palavras que não soavam como palavras aos meus ouvidos. Murmúrios. Reclamações. Lamentos. E nada, nada que me fizesse acreditar que, se eu cheguei até aqui, eu tinha chegado a algum lugar. 

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