31 de outubro de 2010

Como eu me perdi.

"Onde estariam os meus cigarros?" Ai, céus, eu odiava acordar no meio da noite e ficar procurando por eles. Maldita insônia. Mas hoje tinha um porém: diante de tantas noites acordada, hoje eu estava feliz por não conseguir dormir. Leo estava ali do meu lado, parecendo um anjo, mas do tipo bem sedutor. Sentia vontade de acordá-lo e pedir para fazermos tudo de novo. Como era possível que eu o tivesse em minhas mãos, totalmente submisso a mim? Não que eu fosse uma deusa, claro, mas ele me via assim, como tal. Comecei a rir, e ele movimentou o braço para meu ventre. "Querido, não faça isso." pensei. Tirei sua mão e me levantei, para ir atrás dos meus amáveis cigarros. Fumar era meu vício, depois de passar noites com Leo. Eu não sei como estaria meu querido pulmão, mas quem se importa? Uma mulher de vinte anos não pensa muito no fim de sua vida, pensa apenas no agora, e o meu agora estava todo ali, deitado na minha cama, coberto apenas pela colcha. Minhas amigas vivem dizendo o quanto sou coração-de-pedra, que o pobre Leo me idolatrava e eu apenas o usava para saciar minha fome; mas não, eu sou carente, sempre fui, entretanto não divulgo meus sentimentos por ai, não gosto de ser explícita. Enfim, onde diabos coloquei os meus cigarros? Nossas roupas espalhadas pelos cantos do quarto não estavam colaborando muito com a minha busca. "Achei você, seus danadinhos." Até que enfim, já estava pensando em ir atrás do meu vinho, afinal, como eu iria passar meu tempo? Fiquei na janela, fumando e olhando para Leo. Ele sorriu. Deve ter sentido o cheiro do cigarro, afinal, eu gostava do tipo forte. Sabe, mesmo não sendo explícita, eu tendia ao exagero. Acho que ele vai acordar. Abriu os olhos, ah, que olhos! "Você não aguenta, não é, querida?" Engraçadinho. Ele se levantou e ficou de pé, ao lado da cama. Ali, parado, como se soubesse que eu iria pirar a qualquer momento. Santo Deus, agora eu estava fora do meu controle; como ele tinha a coragem de ficar daquele jeito em minha frente? Deixei meus pensamentos vagarem, tendo a certeza de que estavam escritos ali, na minha face. Ele veio até mim, segurando minha cintura com uma das mãos, e com a outra roubou o meu cigarro, dando um trago e o jogando fora. Acho que ele não estava calculando o perigo da situação, nem eu. Então ele me beijou. E eu senti todo o calor do mundo acumular-se em mim. E começamos tudo de novo.

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