17 de dezembro de 2016

"You give me something to die for."

Me batia um desespero sentir que tudo tava dando certo porque, em se tratando de minha vida, aquilo que dá certo fica chato e sem graça e eu não quero mais. Eu ficava meio atordoada com a ideia de ser adulta, de ganhar salário, de pagar os cartões de crédito e ainda ter que fazer uma poupança (poupança essa que já foi pro brejo. Desculpa, pai). Cada manhã, ao levantar da cama, ao olhar para o teto do quarto vazio, eu pedia para estar fazendo o certo. Que isso seja o certo. Que seguir em frente todos os dias, ter responsabilidades, dormir antes de meia-noite, adiar as leituras e as séries, inventar desculpa para não sair nos fins de semana, tomar cinco cervejas e passar mal feito uma senhorinha de 23 anos seja o que é pra ser. "No meu tempo". Tanta coisa no seu tempo. Mas eu tô vivendo hoje. E continuo sem saber se tô vivendo a vida que quero porque minha cabeça não funciona como a de todo mundo. Ou a cabeça de ninguém funciona e eu só me acho diferente porque não tenho essas conversas com ninguém. Nem quero ter. Porque eu gosto de me sentir diferente pelo menos nesse quesito. Porque eu não aguento dizer que tô com dor na unha e uma pessoa retrucar com dor na unha, dor na sobrancelha e dor na língua. Minha vida não é ruim. Tá tudo no exato lugar e é isso que me deixa doida. O mundo lá fora continua funcionando, enquanto meu cérebro insiste em bater na mesma tecla de que se o resto tá certo, a vida tá errada. E aí eu estrago tudo de novo.

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