24 de abril de 2018

"I overthink your punctuation use."

Às vezes eu resolvo ler uns textos ruins e criar histórias na minha cabeça que nem de longe existem. Às vezes, eu chego da aula com enxaqueca e resolvo não dormir porque eu posso vencer a enxaqueca sem precisar tomar mais remédios - cinco minutos depois, tomo o primeiro comprimido que aparecer pela minha frente que possa me oferecer a mínima ilusão de não sentir mais dois segundos de dor. E eu faço isso com toda a minha vida. Primeiro acho que sou capaz de lidar com os problemas que eu tenho e com os que não tenho, mas, logo depois, me desespero e desisto. Às vezes eu me acho obcecada demais e por me achar obcecada demais tento me controlar para não ser obcecada demais, o que me torna obcecada para não ser mais obcecada. É meio doido e doído ao mesmo tempo. Porque eu quero chorar pela minha excessiva capacidade de ser intensa. Como eu odeio ser intensa e só queria que você soubesse. Você que lê. Você que sabe que é você. Odeio também escrever textos que são sem nexo e são tão ausentes de criatividade que acredito que um dia alguém possa ler e dizer que daqui vai sair alguma coisa. Eu choro escrevendo. Eu escrevo chorando. Porque eu estabeleço metas que não quero cumprir e odeio estabelecer metas, mas parece que funciono no automático. Odeio tudo em mim que faz ser quem eu sou e, ao mesmo tempo, reconheço minha pequenez de não poder ser nada além disso. Às vezes pego frases motivadoras que acho lindas e penso que deveria compartilhar comigo e com as pessoas porque, talvez, um talvez bem distante, eu consiga encarnar o que aquelas palavras soltas dizem. É muito confuso? Acho que larguei a terapia porque cansei de botar para fora coisas que, quando saíam da minha boca, pareciam tão doentias e próprias para serem julgadas. Mas dizem que psicólogo não julga. Quem vai saber? Eu me julgo o tempo todo e eu prefiro escrever um texto sem sentido para todo ser humano mas que faz o completo sentido para mim. Esqueço de respirar quando aperto todas as teclas do teclado do computador em movimentos que assombra as pessoas. Queria ser qualquer um que fosse melhor do que eu. Encaro tesouras por muitas horas. Às vezes, minha mente orbita em um sistema completamente diferente. Às vezes, eu não queria lembrar de respirar. 

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