17 de novembro de 2012

"Happiness only real when shared."


Cada segundinho fica guardado no meu coração como se fosse único: desde a hora da chegada até a partida. O primeiro e último abraço. Eu nunca consigo escrever sobre a minha família sem derramar uma boa quantidade de lágrimas, mas de amor. Lágrimas de alegria e, desde já, de saudade. "Daqui a um mês a gente vem te buscar", meu pai disse. Quando eu me mudei para cá, eu era sonhadora (não que eu tenha deixado de ser); eu era passarinho novo levantando as asas para voar pela primeira vez. Eu conheci o lado ruim e o lado bom de ficar longe de casa. Conheci pessoas maravilhosas e pessoas que me fizeram ter vontade de desistir. Sempre fiquei em cima do muro, sem saber para que lado correr, se ficava ou se voltava, mas decidi. Tudo que eu mais gosto no mundo está a seiscentos quilômetros de mim, cinco horas e meia de viagem. "São tempos difíceis para os sonhadores", eu vi num filme. Mas é que eu quero continuar sonhando, porque longe de casa o mundo fica quase todo vazio para mim. Longe de casa o sorriso é mais cansado, com um quê de tristeza. Longe de casa eu fico com o coração partido, porque casa é onde tá pai e mãe, bolo de cenoura, visita de vó. Eu passei todos os dias, desde a última vinda dos meus pais, contando a volta deles. Eu marcava no calendário quanto faltava para eles chegarem. Até acordei cedo o tempo todo que eles estiveram aqui, para não perder nada, nem uma respiração sequer. Abracei e beijei o tanto que eu podia, cheirei e guardei tudo na memória da alma, para mais uma espera, porque demora, sabe? É como se cada hora se tornasse uma vida. Mas eu esperei nove meses para nascer e conhecer o rosto deles, então acho que consigo sobreviver esperando alguns dias a mais. Deixa a saudade crescer no peito e multiplicar, porque é dela que a gente se alimenta.

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