16 de fevereiro de 2016

"I know it's cool but it's only light."

Já eram quase cinco quilômetros e eu sentia que minhas pernas iam me fazer desabar a qualquer momento. Eu nem tinha ar suficiente em meu pulmão pra fazer essas estripolias, como minha mãe costuma dizer. Mas eu sabia que se ficasse correndo em círculos e fizesse todo o suor sair de mim alguma coisa ia melhorar. Os pingos de chuva começavam a cair e aquelas senhoras não paravam de conversar em minha frente. E eu continuava imaginando como deve ser a vida de alguém que se sente útil pro universo. Todas aquelas músicas que eu ouvia e que supostamente me faziam ir mais rápido ficavam fazendo um eco na minha cabeça. "There's an old voice in my head that's holding me back..." Acordei meio-dia. Dormi de novo, li, e continuava me sentindo um nada. Era tão esquisito viver como se eu não tivesse o propósito. Eu só queria fazer qualquer coisa me fizesse ficar cansada além de fazer nada. Porque fazer nada cansava pra caralho, e eu não encontrava nenhuma saída pra isso. A chuva parou e o céu tá tão laranja. Nem trouxe meu celular pra tirar uma foto, e vou ter que guardar isso na memória. Do outro lado tem um arco-íris. Que dia é hoje? Me sentei em um banquinho pra conseguir respirar de novo. Eu podia desmaiar tranquilamente e fingir que era só sono. Toda vez que o ar me faltava e eu me abaixava pra tentar fazê-lo voltar de alguma forma, eu ficava imaginando tanta coisa. Tipo o que eu podia ter feito pra isso e aquilo darem certo. Tipo o que eu podia fazer pra conseguir gostar de qualquer coisa e conseguir sentir e conseguir seguir em frente como todos os seres humanos que conheço. Um gato tava tentando subir numa árvore e eu só conseguia pensar em como ele era mais corajoso que eu, porque até medo de altura eu tinha. O mundo me dava uma rasteira diferente todos os dias, e eu continuava indo dormir de madrugada pra sonhar que eu era alguma coisa.

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