22 de maio de 2012

Menos um.

A gente deitado na cama, pensando na vida, sonhando alto, se abraçando forte como se o mundo fosse acabar. Tinha um cheiro bom, cheiro de coisa que a gente gosta. De pessoa que a gente gosta. A gente se gostou um bocado. Uns bons dias. Talvez se gostasse antes, só não sabia ao certo o que era aquilo que apertava dentro do peito. Talvez não. Nunca sei dessas coisas. Nunca sei pra onde correr, como fugir, como me esconder. Nunca sei se os dias vão passar rápido ou devagar, como aqueles dias em que eu fico bastante cansada, fugindo até de comida. Se foi exagero ou não, se foi errado ou não, não dá pra saber dessas coisas. A gente só aproveita, sabe? Aproveita o cheiro que fica no lençol, a briga boba, o abraço quentinho. Sei lá, vou ter oitenta anos e não vou saber o que se faz quando os mundos acabam por ai. Tô procurando um manual, uma bula ou só um conselho de biscoito da sorte. Alguma coisa que diga: "próximo passo." E todo dia passa como um dia exaustivo, cheio de rotina e vento que arde nos olhos. As pessoas nos ônibus, nos carros ou na calçada. Sorrindo entre si ou passando por cima umas das outras. O pneu arrastando, o barulho inconveniente. E eu olhando para aquilo, meio perdida, meio sem entender. Como cego em tiroteio, como criança sem os pais em shopping. Me sento no chão, cruzo as pernas, pedindo socorro, pedindo um tempo dessas loucuras que deixam a gente sem ar.

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