10 de março de 2012

Felicidade ri sozinha.

Acordara pedindo à Deus, mais uma vez, pra gostar um pouquinho mais das pessoas. É, daquele jeito simples mesmo. Paciência, carinho, paciência. É que era muito difícil pra ela, sabe? Sair de casa, se envolver. As pessoas diziam que ela estava vivendo de um modo errado. A vida não era isso, não era ficar trancada em um quarto enquanto o mundo inteiro vivia. Dormir, acordar, comer, sonhar, ler, imaginar. Era disso que ela vivia. Era disso que ela era composta. Amigos. Colegas. Riso solto. Desconhecidos. Preguiça. Nessa ordem. Dia após dia, nada mudava. E ela, coitada, continuava dizendo que ia mudar, mas de nada adiantava. De nada adiantava iludir o que a rodeava. "Me deixa assim, tô feliz." E estava. Felicidade a gente encontra numa frase, numa foto, numa voz. Não é preciso gritar por ai que se é feliz. Não é preciso sair por ai pra se ter uma vida. Pode ficar em casa, pode se agarrar ao travesseiro e sorrir. Pode ficar de conchinha na cama, sozinha, deixando o pensamento vagar pelas coisas boas. Felicidade é falar sozinha, é colocar uma música boa e ficar cantando, sem medo de incomodar os vizinhos; é limpar o apartamento em um dia de tédio, é ver novela de tarde deitada numa rede comendo porcaria. Mas, ainda assim, ela pedia, todo dia, pra mudar um pouquinho, pra gostar do aluno puxa saco, da professora tagarela, do porteiro, da moça do supermercado. Talvez um dia, quem sabe.

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