8 de março de 2012

A vida é bonita: uma declaração de amor.

Na maior parte do tempo, eu só reclamo. Reclamo de calor, de fome, de sede, de preguiça, do cara que fica ao meu lado no ônibus, do colega de classe que não para de puxar o saco do professor. Na maior parte do tempo, eu esqueço de reparar nas coisas simples, esqueço de lembrar que, o que acontece ao meu redor, pode ter sua beleza. Acordei como num dia normal, às seis. Tomei meu banho, coloquei minhas lentes, vesti minha roupa. Meu celular vibrou: era uma mensagem do meu pai. "Caramba, meu pai me mandou uma mensagem!" (não que ele não seja o pai mais carinhoso e mais presente do mundo, mas ele não é lá de me mandar  mensagens, sabe?) Para qualquer pessoa no mundo, aquela mensagem seria boba, me desejando feliz dia da mulher. Mas eu fiquei tão feliz que estampei um sorriso no rosto durante todo o tempo que eu tinha para terminar de arrumar minhas coisas antes de sair para a faculdade. Cinco minutos depois, minha mãe me manda uma mensagem também. Mesmo assunto, só que de forma diferente. Ai eu chorei, sabe? Mas foi um choro de alegria (como esse de agora, enquanto escrevo), de amor. Na maior parte do tempo, eu sinto saudade. Milhões de vezes já pensei em desistir e voltar para casa. Essa semana mesmo liguei para a minha mãe e falei que não aguentava mais essa rotina, que não aguentava mais lavar louça (imaginem só!). E ela mandou eu voltar. Sábado fiz a prova de seleção para o Jovem Voluntário, e duvidei que fosse passar. Tanta gente concorrendo! Eu nunca fui de ter muita fé nas coisas, sabe? Por preguiça, talvez. Por medo. Hoje recebi o resultado: passei! Dá para acreditar? Eu passei! Liguei para os meus pais contando e eles ficaram tão orgulhosos de mim! E eu vou ajudar pessoas, crianças! Na maior parte do tempo eu choro: de tristeza, de cansaço, de raiva. Um dia que pego um ônibus lotado e já acho que a vida vai acabar. Quero dizer que hoje, agora, eu tô satisfeita. Tô feliz. Se eu pudesse, corria para casa para abraçar meus pais por umas duas horas seguidas, até ficar perto de faltar ar. Se eu pudesse, abraçava o céu. Se eu pudesse, não largava esse meu sorriso nunca mais.

"A criança que ri na rua,  
A música que vem no acaso,  
A tela absurda, a estátua nua, 
A bondade que não tem prazo -


Tudo isso excede este rigor 
Que o raciocínio dá a tudo,  
E tem qualquer coisa de amor,  
Ainda que o amor seja mudo."
(Fernando Pessoa)

Um comentário:

  1. Puxa vida,ruiva linda, você só é motivo de orgulho para nós!!! Continue assim, abençoada e agradecida (inclusive nos momentos difíceis)... Mainha te ama muuuuito!

    ResponderExcluir