24 de setembro de 2014

Diário de viagem: The city of angels - the city of dreams.

Eu comecei a escrever um diário de viagem para guardar as lembranças - boas (sim, elas existem) e ruins. Talvez com tudo que escrevi até agora eu tenha passado uma imagem não muito bonita do intercâmbio em si, de Los Angeles e dos Estados Unidos. Não, eu não amo a América. Sim, eu achei que amaria. Nos filmes e, de acordo com todo mundo que viaja pra cá, a vida aqui é perfeita. Eu não posso escrever só sobre a calçada da fama, os turistas ricos e os famosos daqui. 

Ontem eu fui para Beverly Hills e tive que pegar dois ônibus para voltar pra Hollywood. As ruas estavam vazias às 19h - o trânsito tava mais ou menos e a parada de ônibus só contava com minha presença. Quando eu tava chegando, o ônibus ia passando e eu pedi pra motorista parar e ela não parou. Normal. No Brasil a gente tem isso também. Os ônibus só passam na hora exata em que devem passar, por isso o meu só foi passar às 19:46. Eu deveria descer na Hollywood/Vine, mas teve algum acidente (você só consegue ver/ouvir os bombeiros, nunca consegue ver o que realmente tá acontecendo) e tive que descer na Sunset. Tudo bem, andar uns 20 minutos não mata ninguém. O problema é que, como já disse, você nunca sabe quem vai encontrar nas ruas - você não sabe se as pessoas são loucas ou apenas simpáticas. E é comum alguém te dar oi e perguntar algo, por isso você só responde com um "hi" e passa direto.

Beverly Hills é Beverly Hills. A fama faz jus à história. Fui ao Beverly Center e lojas como Hugo Boss, Michael Kors, e outras, completamente vazias. Dizem que os famosos compram lá - com certeza não numa segunda-feira. Você pode ir pra qualquer lugar sem precisar gastar tanto (mas vá sem dinheiro, a tentação é demais). Forever 21 e H&M tem todos os tipos de roupas e sapatos e presentinhos e de todos os preços, então acho que são lugares "ok".

Mas, vamos lá: os primeiros dias foram difíceis por causa do clima, mas agora estamos no outono (eu acho), então, geralmente temos sol, mas um ventinho frio pra acompanhar. A parte ruim é que eu peguei um resfriado e essa união de calor e frio tá acabando comigo, mas, se sobrevivi ao calor daqui, posso sobreviver a isso. Quem mora aqui odeia Hollywood - muitos turistas e mimimi. Eu, particularmente, gosto. É bom ouvir umas vozes brasileiras, mesmo que de longe. É bom ouvir alemão, italiano, francês, japonês, espanhol, etc. Por mim, eu iria todo dia caminhar na Hollywood Blvd - e entrar nas lojas e não ser obrigada a comprar nada. Olhar não paga e faz bem. 

Quando eu escolhi vir para uma host family, minha intenção era viver a realidade americana - ainda mais morando em Hollywood eu supostamente iria conhecer isso a fundo. Não vou mentir: achei que ia ter panquecas e ovos mexidos no café da manhã, mas só tenho torradas com presunto e queijo. Quase lá. Almoçar em restaurantes só se você tiver dinheiro sobrando - você não vai ter a comida "de panela" e vai ser como comer fast food, só que mais caro. Então, McDonalds ou In-N-Out pra encher o bucho. Sem falar que em fast food você não tem que dar aquela gorjetinha básica, que faz falta pra quem é estudante. Nem se preocupe com o peso, você vai engordar de todo jeito. Ah, Starbucks? Só fama. Cappuccino é café com leite. Milkshake é leite com nescau. Mas são baratos, então, uma vez ou outra pode compensar.

Não acho que eu vá me acostumar com o fato de andar por ai e, a cada dois metros, ver um mendigo com a cabeça pendendo pro lado enquanto ele tenta tirar um cochilo em alguma sombra. É difícil e triste, você nunca sabe como agir. Mas não é só de feiura que essa cidade vive: os letreiros são demais. Andar pela Hollywood Blvd e não olhar pra eles é impossível. O brilho, as cores, as formas. É tudo tão maravilhoso que eu passaria horas só observando. 

Eu ainda não amo a Califórnia. Não como os brasileiros amam Nova York, ou Orlando (Disney? Pfvo!) ou Miami. É fácil amar um lugar quando você vai para um hotel 5 estrelas, anda de táxi pra cima e pra baixo, só vai pra Times Square e gastar dinheiro em shopping com um tradutor do lado. Difícil é pegar ônibus, economizar dinheiro, tentar aprender o idioma do lugar e viver como eles vivem. Mas eu gosto da vibe daqui - tudo aparenta ser muito falso e repetitivo, mas é Hollywood. É a cidade dos sonhos. Talvez você não esbarre em nenhum famoso, mas é o fato de pisar na calçada que aquele ídolo tal pisou. É o fato de saber que as coisas aconteceram e acontecem por aqui.

É incrível. Eu não imagino outro lugar para vivenciar tudo isso. Um intercâmbio é algo que você vai guardar pra vida inteira, porque, para algumas pessoas, só acontece uma vez. A vontade é de aprender mais e mais toda hora. Me pego falando inglês com meus pais e esquecendo até como se diz algo em português - isso não é ser metida ou algo do tipo, é a convivência. E é bom. Porque quando eu voltar pro Brasil, é português que eu vou falar. 

Sei que eu quero (e vou) voltar pra casa. Mas até o dia chegar, eu tô bem aqui onde tô. Não é como um lar oficial, mas it feels like home. 

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