17 de setembro de 2014

Diário de viagem: The city of angels - dia 3. (16/09/2014)

Sim, um intercâmbio é uma experiência maravilhosa. Mas é muito fácil pra muita gente falar: "ai, mas tu tá nos EUA, é muito melhor que o Brasil." Talvez. Talvez eles sejam mais organizados no trânsito, talvez eles sejam mais educados nas ruas. Mas os americanos não te dão sorrisos gratuitos de forma verdadeira. Eles não te abraçam se acabaram de te conhecer. A quantidade de sem tetos nas calçadas? É bizarra e assustadora. Você fica sem saber como reagir perto deles. Qualquer coisinha é preconceito. Ontem, no metrô, um cara esbarrou no cachorrinho de um senhor e o senhor começou a gritar, perguntando se ele não gostava de cachorros. Tudo aqui é nesse nível. 

Se você paga $7 no McDonalds não sai muito mais barato que no Brasil. E eles ainda nem tem o sabor cheddar, o que já fez o McDonalds americano cair no meu conceito. Aproveito que acordo cedo pra escrever, já que o calor não me permite dormir. Ontem disseram que ia ser o último dia quente, mas acho que não. É difícil ter uma boa noite de sono quando o seu cabelo tá ensopado de suor e suas pernas grudam uma na outra. E minha host mother ainda colocou um edredon na cama - inclusive ela passa o dia de jeans e tênis (?). 

Silver Lake e Downtown


O Silver Lake é um bairro de hipsters. Sinceramente? Não tem nada demais. Acho que talvez o passeio tenha sido um pouco desorganizado (fomos com a escola; na verdade, um cara que trabalha na escola nos levou. Tem uma cafeteria, lojinhas, e homens cabeludos e barbudos andando pelas calçadas. Não parei pra tomar café. Quem diabos é louco o suficiente pra tomar café às 16h em Los Angeles? Se ficar mais quente que isso, pega fogo. 


Downtown é incrível. Nunca fui a New York, mas me disseram que é bem parecido. Você tem a sensação de que realmente está em uma cidade grande. Tem muitos sem tetos e muitas pessoas andando com cachorros enormes nas ruas. As pinturas gigantes nas paredes são lindas e alguns prédios são bem antigos. Não é um lugar tão lotado de turistas, o que já deixa o clima bem melhor. Fomos de ônibus e voltamos de metrô - ah, tudo tem ar condicionado. Dá vontade de morar dentro, já que na minha casa aqui não tenho.

The Last Bookstore


 

 


Não consigo achar uma palavra para definir esse lugar lindo. Talvez os americanos diriam algo como: "Omg, it's really fucking amazing." Sei lá. Por fora parece minúscula, mas dentro cabe o mundo inteiro, de verdade. Acho que só tem o térreo e o primeiro andar, mas você se sente como se estivesse dentro do Beco Diagonal do Harry Potter (pelo menos foi assim que eu me senti). As estantes são de madeira e acho que devem ter um milhão de livros ali. Em uma determinada seção lá, todos os livros custam $1. O problema é que é muito difícil achar um que você conheça. Além da livraria, tem a galeria de arte, que é em um "labirinto". Pra falar a verdade, até agora, foi o lugar que mais gostei de ir. Pena que fica longe e talvez eu não vá de novo. Mas é claro que eu não sai de lá com as mãos vazias - comprei It's a kind of a funny story por $ 10,89 (os 0,89 foram de taxa). Aqui, tudo que você compra, eles acrescentam 9% em cima do preço final. Se você quer ir a outlets ou achar coisas baratinhas que nem em NY ou Miami, não venha para Los Angeles.

Ir a pé pra escola foi meio esquisito. As ruas já estão bastante movimentadas às 8h, mas isso inclui gente doida. Uma mulher me parou perguntando se eu tinha tempo para falar com ela e eu disse que estava atrasada. Na sala de aula, três brasileiros em minha turma (uma do Rio, um de São Paulo e outro de Vitória/ES). A gente conversa em inglês que é pra não atrapalhar. Em português, só com meus pais pelo celular. 

É meio enlouquecedor imaginar que vou passar dois meses aqui. Talvez o clima não melhore, talvez Rachel continue sendo louca, eu não sei. Pelo menos ontem ela comprou comida pra mim (só tinha pão e cream cheese; agora tem pão, cream cheese, suco de laranja, uvas, cheddar, peito de peru, mussarela, leite, chocolate...). Viver com uma host family é complicado. Conheci mais duas pessoas que não estão gostando das suas famílias também, então, vai saber se tudo é propaganda enganosa e eles não fazem só pelo dinheiro ou se apenas não demos sorte. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário