23 de setembro de 2012

Uma parte que ficou.

Esqueci de ligar o despertador e, como já perdi a hora mesmo, fico escondida debaixo do lençol. Não vejo o teto branco do meu quarto e percebo que os filhos do vizinho resolveram me dar um dia de paz (ou algumas horas, nunca se sabe quando eles darão o golpe). O ventilador faz um barulho relaxante, quase como um zumbido baixo. O lençol acima de mim balança com o vento e aquilo me conforta. Nada me incomodava a não ser as engrenagens do meu cérebro me colocando para pensar nas coisas que eu já deveria ter esquecido. Faz tanto tempo... Alguns poucos anos, talvez três? Sou péssima em contas e não quero levantar o braço para contar nos dedos. Não é exatamente saudade que eu sinto. Ou é? Mas é claro que sim. Tantas pessoas vem e vão, eu me deixando ocupar pelos sentimentos novos. Só que nenhum foi tão bonito quanto aquele. Ia além da ansiedade, da vontade, do coração pulando. Ia além do que o que eu via nos filmes e nos livros. Era infantil e ao mesmo tempo parecia ter cem anos. Duraria uma vida. Ai acabou. Às vezes os dias são como hoje: eu perco a hora, deixo a mente vagar por onde ela achar melhor, e então ela inventa de cutucar um espacinho  especialmente reservado para essas memórias. Parece que foi ontem. Se me pedir para lembrar os dias, não conseguirei. Mas as palavras, os sorrisos, os abraços... Eu deveria deixar tudo isso fugir, desaparecer. Até deixo. Mas em domingos comuns, silenciosos, tudo volta. E é pensando nisso que acabo dormindo de novo, para acordar horas depois sem lembrar de nada.

Um comentário:

  1. as vezes, sinto o mesmo Dona Lidiane.
    Eh coisa da vida.

    Anna Maria.

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