28 de setembro de 2012

"Alguma coisa a gente tem que amar."

Eu esqueci de dizer pra minha mãe porque eu tô desistindo desse mundo aos pouquinhos. Esqueci de dizer pro meu pai que eu só quero dar orgulho a ele. Nunca fui revolucionária, nunca sai por ai levantando cartazes ou gritando para as pessoas que eu sou contra isso ou aquilo. Eu sou mais de ficar quieta, no canto, choramingando baixinho pra Deus, tentando entender onde foi que o ser humano errou. Acho que foi na falta de amor, sabe? A gente só pensa em crescer e crescer e esquece de sonhar, de ler histórias bonitas, inspiradoras. De querer imitar a literatura, os romances de cinema. E eu continuo conversando com meus botões enquanto vejo as pessoas perdendo suas almas, deixando-as jogadas por ai, nas calçadas, nas esquinas, nos bares. Eu desisto todo dia de sair de casa, de enfrentar os ônibus lotados e ouvir aquelas senhoras falarem sobre os assaltos, a morte de uma amiga querida, o perigo do mundo. Só consigo respondê-las com um "Deus me livre" ou "tá difícil mesmo". Dá medo, num dá? Da cidade grande, do ar noturno. Não sei se o mundo vai acabar ou se já acabou; se, ao tomar algumas vodkas, vou esquecer de tudo isso, ou se vou gritar que tá tudo errado, 'cês tão perdidinhos. Talvez não, talvez eu chegue naquele bêbado cansado, fumando um cigarro velho, e diga: "óh, vai pra casa, não desiste. Deixa o mundo pra lá e sonha, pega um papel e bota a alma nele. Lê um livro, se apaixona de novo, abraça aquele cara que você brigou. Gosta de quem ainda merece ser gostado." Algumas pessoas  vivem no automático, não pensam em um amanhã bonito, mas apenas em um amanhã. Mas tem uma gente por ai que acorda, se benze, toma café com leite gostoso, pão quentinho, sai na calçada para ir trabalhar e pensa: "vai que hoje o mundo resolve dá certo." 

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